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A era dos excessos na Internet: o papel do marketing digital

Nossa sociedade está vivendo na chamada era dos excessos, definida pela intensa conectividade digital e exposição constante a uma avalanche de informações, tem suscitado inquietudes notáveis quanto aos impactos negativos na saúde mental. Sherry Turkle, professora do MIT – Massachusetts Institute of Technology, renomada por suas análises sobre a interação humana na era digital, oferece uma perspectiva pontual sobre esse fenômeno chamado hiperconectividade. 

Para ela, a omnipresença da tecnologia está contribuindo para uma “solidão conectada”, onde, apesar da constante interação online, as pessoas se sentem cada vez mais isoladas emocionalmente. Ela destaca como a incessante busca por validação nas redes sociais e a compulsão por estar online constantemente estão corroendo as relações pessoais autênticas, resultando em uma fragilidade emocional generalizada.

Tanto nossas relações sociais, quanto a nossa memória, saúde e nossa e concentração são afetadas pelo uso das redes sociais.

Rodrigo Machado, psiquiatra e especialista em danos ao cérebro causados pelo uso excessivo das tecnologias digitais e o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que  “Na primeira infância, um estudo mostra que, no Brasil, entre 4 e 5 anos, 89% das crianças são expostas excessivamente às telas. Quando nós inclinamos a cabeça para frente, o peso que seria sustentado por cinco quilos passa a pesar 27 quilos. Quando eu inclino a cabeça para frente, crio uma pressão na cervical e nos ombros equivalente a carregar uma criança de oito anos de idade de cavalinho”.

A comparação incessante nas plataformas digitais, segundo a visão de Turkle, alimenta a construção de identidades moldadas pela busca incessante de aprovação virtual. Esse processo, ao invés de fortalecer a autoestima, muitas vezes conduz a uma busca interminável por aceitação, contribuindo para a vulnerabilidade emocional e afetando adversamente a saúde mental.

A jornalista, mestre e doutora em Ciências da Comunicação pela USP, Issaaf Karhawi, usa o termo exaustão algorítmica, por exemplo, para descrever “uma sensação relatada por influenciadores digitais relacionada aos ‘problemas psicológicos’ vivenciados por eles e gerados pelo ritmo de trabalho que vem sendo ditado pelo que reconhecem como ‘o algoritmo”.

Em seu livro “Alone Together”, Turkle explora a necessidade vital de estabelecer intervalos regulares para se desconectar do mundo digital, permitindo a reconexão consigo mesmo e com as relações offline. Para Turkle, essa pausa digital é crucial para preservar a saúde mental e cultivar uma relação mais equilibrada com a tecnologia. 

Clique aqui para ver a palestra “Alone Together” de Sherry Turkle para o TEDx Talks

Já Nicholas Carr em “The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains” levantou preocupações sobre a natureza fragmentada e superficial da leitura na internet, alertando para os possíveis impactos negativos na profundidade do pensamento. 

Essas preocupações se intensificaram com o aumento exponencial do consumo de informações nas redes sociais, notícias rápidas e conteúdos visuais efêmeros. 

A disseminação constante de informações breves pode contribuir para uma atenção fragmentada e, por vezes, superficial, reforçando os desafios cognitivos abordados por Carr, mas estes são apenas alguns autores, dentre uma série de muitas pesquisas no mundo todo, que correlacionam a hiperconectividade ao aumento nos índices de saúde mental. 

No âmbito do marketing digital, estratégias podem ser adotadas para promover uma influência positiva nesse cenário.

A criação e disseminação de conteúdos positivos e educativos são elementos-chave para fomentar um ambiente online saudável, fornecendo informações úteis e valiosas.

Além disso, a promoção da consciência sobre questões relacionadas à saúde mental através do marketing digital desempenha um papel relevante.

Compartilhar recursos e informações contribui para uma compreensão mais ampla e para a desmistificação de temas sensíveis.

A responsabilidade no uso das redes sociais é crucial. Estratégias de marketing digital podem incentivar a conscientização sobre práticas saudáveis nas plataformas, promovendo interações mais significativas em detrimento de comportamentos impulsivos ou busca excessiva por validação.

A transparência e autenticidade nas comunicações são fundamentais para construir confiança.

Essas práticas não só fortalecem o relacionamento entre as marcas e os consumidores, mas também contribuem para um ambiente online mais saudável, evitando práticas enganosas que poderiam prejudicar a saúde mental.

Respostas empáticas e a busca por soluções eficazes minimizam impactos adversos na saúde mental dos consumidores em situações críticas.

De fato, o excesso de informações, e o estresse e ansiedade que vêm com isso, não só prejudicam os consumidores, mas também podem afetar negativamente seus negócios. 

Basicamente, o cérebro pode perder parte de sua capacidade de processar tudo o que está disponível. Isso leva à exaustão e pode até impedir que seus clientes hajam, o que não é o ideal.

Com a enxurrada de informações e o trabalho de guardar tudo isso, o cérebro está sempre ativo. Sem pausas, a eficiência cognitiva é prejudicada e pode afetar as habilidades de concentração e reflexão do consumidor. Isso pode resultar em atrasos ou dificuldades na tomada de decisões.

Por isso, incentivar o equilíbrio e o autocuidado digital são estratégias que reforçam a importância do bom uso da tecnologia. Promover pausas, a desconexão em determinados momentos e a conscientização sobre o tempo de tela são práticas que apoiam uma relação mais saudável com o ambiente digital.

Assim, a curadoria de conteúdo no marketing digital pode desempenhar um papel positivo, moldando experiências online que contribuem para a saúde mental dos usuários e promovem um ambiente digital mais equilibrado.

Nas correntes digitais, nós sabemos para onde virar nosso leme não apenas porque navegamos em mares agitados, mas também porque somos cartógrafos digitais, mapeando novas fronteiras, tendências e rumos. 

Vamos explorar o extraordinário juntos! Vem com a Leme. 

Afinal, as marcas já estão reagindo aos danos causados pelos excessos da internet, como é o caso da Lush. 

Entenda o papel do Marketing em relação à hiperconectividade

Em um movimento arrojado, a marca global de cosméticos Lush anunciou sua saída quase total das redes sociais em protesto contra os impactos negativos causados por essas plataformas. 

Conhecida por promover o consumo sustentável e utilizar ingredientes naturais, a Lush abandonou simultaneamente as principais redes sociais nos 48 países em que opera, em busca de um “ambiente seguro” para os usuários.

A decisão surge em meio às revelações de uma ex-funcionária do Facebook sobre os danos causados a adolescentes que utilizam o Instagram. A Lush, alinhada com seus princípios de bem-estar, optou por não estimular a presença em ambientes que contrariam seus valores.

Essa atitude ousada reflete uma tendência, seguindo os passos da grife Bottega Veneta, que deixou as mídias sociais substituindo-as por uma revista própria. No entanto, a Lush vai além, apresentando-se como uma “Política Global Antissocial”, fundamentada no receio dos danos que as plataformas conscientemente causam aos jovens.

A marca britânica deixa para trás uma significativa base de seguidores, como 659 mil no Instagram e 157 mil no TikTok. Essa decisão não é apenas uma estratégia de não pagar pela publicidade nessas redes, mas uma declaração forte de que as pessoas e seu tempo não devem ser moedas para esses canais.

Essa não é a primeira vez que a Lush se retira das redes sociais, mas esta decisão é fortalecida pelos recentes eventos relacionados aos malefícios das plataformas. A empresa se destaca ao não esperar por regulamentações, optando por agir por conta própria para proteger seus clientes dos danos e manipulações enfrentados nas redes sociais.

A Lush está planejando substituir as mídias sociais por iniciativas alternativas, como aumentar sua presença no YouTube e utilizar o Twitter para atendimento ao cliente. Além disso, a marca seguirá o exemplo da Bottega Veneta, adotando newsletters por e-mail para promover suas campanhas.

Essa atitude corajosa da Lush não apenas ressalta a preocupação com o bem-estar dos usuários, mas também coloca em destaque o debate sobre os impactos negativos das redes sociais. 

Em um contexto em que grandes marcas repensam suas estratégias digitais, a Lush assume a vanguarda, optando por uma abordagem que prioriza a segurança e o bem-estar de seus clientes, enquanto promove alternativas criativas e sustentáveis.

Por isso, o momento do mercado e o que as tendências apontam sugerem que vamos ter precisamos levar em consideração a importância da saúde mental e sua relação com a publicidade e o marketing ao desenvolvermos nossas estratégias. 

A integridade das agências de publicidade e de marketing neste cenário é o que realmente fará a diferença, tanto para a questão da hiperconectividade quanto para outras questões importantes que emergem e das quais nossa área não pode se abster de participar ativamente. 

Resta-nos escolher como será essa participação!

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